Saléte Moreira
Pró-Reitora de Extensão do IFB
A Educação Profissional e Tecnológica vive um momento de muitos desafios e também de conquistas. O processo de expansão que resultou na criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia é, sem dúvida, a maior delas. Dentre os desafios, um dos mais expressivos é oferecer Formação Inicial e Continuada, Educação Profissional e Tecnológica em nível médio, cursos de Licenciaturas, Tecnológicos, Pós-Graduação em nível de mestrado e doutorado, bem como o PROEJA que veio para saldar uma dívida com a parcela da população que não teve a oportunidade de estudar no seu tempo próprio.
Os Institutos Federais trazem para o cenário brasileiro uma proposta de educação vinculada a um projeto de sociedade inclusiva. Sua construção está fundada na igualdade política, econômica e social, necessitando, portanto, de uma escola vinculada ao mundo do trabalho a partir de uma perspectiva radicalmente democrática e de justiça social.
Desta forma, a educação não acontece apenas nos espaços de educação formal. Vincula-se às experiências em todos os espaços da sociedade e se mostra nas ações das organizações sociais. De forma articulada, tem um papel educador na construção de uma cultura de bases solidárias que se opõe ao individualismo neoliberal.
Assim, para a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica torna-se definidora a sua posição na forma de relacionamento com a sociedade, com o ensino formal e informal. A concepção de educação não se limita à ação escolar, mas envolve a comunidade. O mundo do trabalho observa nas suas ações a tríade ensino, pesquisa e extensão desenhando, assim, um cenário cooperativo e emancipatório.
“ Os incisos de VI a IX(lei 11.892/2008) devem ser interpretados conjuntamente. Eles nos indicam um modelo institucional visceralmente ligado às questões da inovação e transferência tecnológica sem deixar de lado a dimensão cultural e abusca do equilíbrio entre desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental. É ressaltado o estímulo ao empreendedorismo e ao cooperativismo. No espirito da lei, percebe-se como eixo da atuação dessas instituições um projeto de formação emancipatória. Em tal proposta, não cabe a compreensão de empreendedorismos em sua acepção restrita de competitividade e individualização da responsabilidade pelo sucesso ou fracasso profissional. O empreender é entendido em sua dimensão criativa e no comportamento pró-ativo na busca de alternativas viáveis para a solução de problemas coletivos.
Na maior parte de suas finalidades, observa-se a insistência no estabelecimento de uma relação transformadora com a sociedade. Nesse sentido, as ações de extensão são e funcionam como um laço entre as demandas sócias, ensino e pesquisa , devendo impactar na contínua revisão e harmonização do ensino e da pesquisa com as necessidades socioeconômicas e culturais no diálogo permanente com os conhecimentos produzidos pela sociedade.”
Os institutos Federais tem oportunidades ímpares de transformar ou transpor um paradigma separatista entre ensino, pesquisa e extensão. É uma instituição que pode verticalizar a sua oferta, atuar territorialmente com as necessidades laborais da comunidade onde ele está fisicamente presente, está construindo estruturas físicas para desenvolver suas ações interagindo as ações de extensão, estudo e fazer pesquisa-ação.
O desafio está posto para aqueles e aquelas que vem para os Institutos trabalhar como professores, técnicos e gestores bem como para os estudantes. Podemos dizer que a vida não é segmentada, ela é sim complexa e interativa. Por que então segmentamos as nossas ações e práticas educativas? O nosso maior desafio é buscar e vivenciar práticas onde vamos superando a “separação” do ato de pesquisar, do ato de ensinar e do ato de dialogar com a comunidade.
A Extensão propicia várias leituras de acordo com o contexto histórico de cada nação, pois a forma de concepção do mundo auxilia na organização social. Nesse contexto, cabe à Extensão a importante tarefa de socialização do conhecimento. Nessa perspectiva, os Institutos tem a importante missão de promover a Extensão com vistas à participação da sociedade, buscando a difusão do conhecimento não dissociado da Pesquisa e do Ensino, cujos resultados devem proporcionar benefícios nos âmbitos da criação cultural, da pesquisa científica e tecnológica na rede de Educação, Ciência e Tecnologia do país.
A dinâmica da vida e a evolução do planeta nos dá a oportunidade de reinventar a indissociabilidade e buscar um ensino que busque soluções práticas e coletivas e em consonância com a sociedade.